Acervo

Aluísio dos Santos

Aluísio Domingos dos Santos, nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 13 de abril de 1937. Artista plástico autodidata, desde a infância demonstrava aptidão artística ao criar brinquedos a partir do barro. Morou em Recife por pouco tempo e logo em seguida mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhava como office boy no Teatrinho de Bolso de Ipanema, e atuava também como pintor de paredes, ofício que herdou do pai.

A partir da técnica de mistura de tintas que fazia para os trabalhos comerciais, Aluísio dos Santos desenvolvia sua capacidade de criação de cores, que futuramente veio a consolidar sua marca registrada, assim como a modelagem de massa corrida e a utilização de suportes alternativos, como a lona de caminhão, madeira, folhas de eucatex, entre outros. Em entrevista a William Puntschart, Diná dos Santos, que foi casada com Aluísio de 1960 a 1984, conta que “a inspiração do futuro pintor artístico seria como uma composição com cores soltas formando ritmos musicais”. O relato de Diná conta muito sobre o trabalho de Aluísio, que utilizava as temáticas africanas e afro-brasileiras em seus trabalhos, culturas ricas de ritmo e dança. Aluísio foi um exímio pintor, ao criar uma técnica de pintura capaz de criar textura e vibração sobre o suporte, permitindo que a tinta criasse corpo e e as cores vibrassem como a música e a dança presente nos temas das telas. Capoeira (1984) é uma das obras onde esta vibração é nitidamente percebida e pode ser conferida abaixo. 

O artista obteve fama internacional, tendo seu trabalho admirado e respeitado em muitos países, mas assim como muitos artistas, teve dificuldade em manter-se vivendo de sua arte, sendo necessário realizar outros trabalhos concomitantes. São poucos os registros sobre a produção deste artista, havendo somente algumas entrevistas e notícias que dificilmente estão organizadas, mostrando, assim, evidências de como a ausência de visibilidade e valorização da produção de artistas negros é resultado do racismo estrutural.

Aluísio dos Santos faleceu em 3 de agosto de 1984, em decorrência de uma cirurgia de extração de um coágulo no cérebro. As obras presentes na Pinacoteca de Mauá foram adquiridas pela Prefeitura de Mauá em homenagem a esse artista, no mesmo ano de seu falecimento precoce.