Hans Grudzinski

Hans Sulimann Grudzinski, nasce em 17 de abril de 1921, na cidade de Novi Vrbas, na antiga Iugoslávia, atual Sérvia. Ao longo da infância Hans teve seus primeiros contatos com a arte através das aquarelas pintadas pelo avô materno e as pinturas em porcelana do avô paterno. Forma-se arquiteto em 1940. No ano seguinte a Iugoslávia foi invadida pelas tropas de Hitler, reprimindo violentamente a população local através da Gestapo, polícia secreta da Alemanha Nazista que atuou nos países europeus invadidos pelos soldados. Afastado da família, Grudzinski foi obrigado a alistar-se no exército alemão, assim como milhões de jovens residentes dos lugares devastados pelo regime, sendo enviado para a Holanda em 1943 e para o campo de batalha logo em seguida. Utilizava os raros momentos de folga para treinar aquarelas, nas quais retratava a dura experiência em guerra. 

Em julho de 1945 feriu-se ao salvar um companheiro de batalha, sendo enviado para o hospital de Abensberg, Alemanha, onde pintou em aquarela “o sofrimento de soldados feridos, as intervenções clínicas e os cuidados das enfermeiras, além de cenas da paisagem urbana local” (Mauá, 2004). Expôs as pinturas nas paredes do hospital, com o intuito de acalentar outros pacientes e profissionais de saúde, realizando aquela que seria a sua primeira exposição. Teve alta em 1946, quando a guerra já havia acabado, mas, com a queda do nazismo, regime pelo qual havia lutado à força, Hans tornou-se prisioneiro dos Aliados. Em prisão, conhece um comandante estadunidense apreciador de arte, que se interessa por uma das obras de Hans: um jogo de xadrez que o artista fizera em madeira, e o qual trocou por sua liberdade. 

Em liberdade, viaja para Áustria, onde trabalha como modelador em uma fábrica de cerâmicas. Reencontra a família somente em 1947. Exaustos das turbulências político-sociais e da guerra, mudam-se para o Rio de Janeiro, e em São Paulo Hans conhece a escultora Elisabeth Nobiling, que o recomenda para a Porcelana Mauá, fábrica onde foi contratado como chefe da seção de modelação. Na década de 50 constrói sua residência no bairro da Matriz, utilizando como referência os pequenos castelos tradicionais da região de nascença.

Estuda pintura na Associação Paulista de Belas Artes, e em 1959 cursa artes gráficas na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). Recebe orientações do gravador Lívio Abramo, no mesmo ano. Expõe na mostra Artes das Américas e Espanha, na Espanha, em 1963, mesmo ano que expôs na 1ª Bienal Americana de Gravura, em Santiago, Chile. Deixa a fábrica em 1967 para, finalmente, dedicar-se à gravura, técnica que o levou a ter reconhecimento nacional e internacional. No mesmo ano participa da 9ª Bienal de São Paulo. Expôs no Brasil, Argentina, Equador, Estados Unidos, Alemanha, Itália, Israel, Japão, entre outros. Produziu gravuras e algumas pinturas até o fim da vida, em 22 de março de 1986, em Mauá, aos 64 anos, vítima de ataque cardíaco.